Os benefícios dos exercícios físicos no frio

O personal trainer Silvio Prado explica que é vantajoso praticar exercícios físicos no frio para melhorar a imunidade, o humor, o sono e o sistema cardiovascular

Quando as temperaturas despencam, quando chega o inverno, todo mundo sente que dá vontade de comer mais, além de ficar com mais preguiça e querer acordar mais tarde. Entretanto, quase que na mesma medida o corpo também gasta mais energia. Não à toa, treinar e praticar exercícios físicos no frio provocam alguns benefícios no corpo, diferentes de quando é época de calor. Entre as vantagens está o que muitos frequentadores de academias buscam: queimar mais calorias.

“Treinar no frio é difícil, mas tem suas vantagens. E uma delas é justamente queimar mais calorias porque o corpo precisa gastar mais energia para manter a temperatura. A consequência é direta”, afirma o personal trainer e fundador da Vibe Sport Concept Lab, Silvio Prado, que também é especialista em performance e esportes de Endurance. De acordo com ele, também é vantajoso praticar exercícios físicos no frio para melhorar a imunidade, o humor, o sono e o sistema cardiovascular. “Quando está frio, o treino ajuda a potencializar a respiração e os músculos do coração”, justifica.

Em relação à imunidade, a prática do exercício em períodos mais frios é boa para fortalecer o sistema imunológico, ajudando o corpo a resistir a infecções. Silvio recomenda, entretanto, que os treinos ao ar livre sejam bem agasalhados e os treinos em ambientes fechados sejam com janelas abertas para circulação do ar. Além disso, a liberação de endorfina eleva o bem-estar e o humor, diminuindo as chances da chamada depressão sazonal, típica de dias mais frios e cinzentos. “Tudo isso reflete diretamente na qualidade do sono. A gente até tem vontade de dormir mais, mas esse sono tem mais qualidade.”

No sistema respiratório e cardiovascular também há vantagens em treinos em épocas mais frias. “Com o frio, o coração trabalha mais para bombear o sangue. E isso também é, na realidade, um tipo de exercício, já que o coração é um músculo, ajudando a fortalecer o sistema circulatório. O mesmo acontece no sistema respiratório, cuja capacidade se fortalece com a prática de exercícios físicos”, avalia o especialista.

Tempo frio pode afetar os hormônios

Com a chegada do inverno, não é apenas a temperatura que muda, o funcionamento do corpo humano também é afetado com a redução da luz solar e o aumento das horas em ambientes fechados.
Essas alterações sazonais afetam diretamente a produção hormonal, influenciando o humor, o apetite, o sono e até o metabolismo. De acordo com a especialista em endocrinologia, metabologia e neurociências, Dra. Jacy Maria Alves, o clima frio é um gatilho de algumas mudanças.

“O inverno desencadeia respostas biológicas importantes, e o principal gatilho dessas mudanças é a menor exposição à luz natural, que afeta o ciclo circadiano e a liberação de diversos hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo. O corpo precisa se adaptar constantemente, e isso exige ajustes metabólicos que envolvem hormônios como cortisol, tireoidianos e até melatonina. Essas mudanças podem influenciar o sono, o humor, o apetite e a disposição”, alerta Dra. Jacy Alves.

Evidências demonstram que, no inverno, ocorre uma diminuição significativa do “turnover” de serotonina no cérebro, correlacionando-se com a menor duração da luz solar diária; quanto maior a luminosidade, maior a produção cerebral de serotonina.

Hormônios em alerta

Um dos hormônios mais afetados é a melatonina, substância responsável pela regulação do sono. Em dias mais curtos e com menos luminosidade, a produção de melatonina tende a aumentar, o que pode gerar maior sonolência e uma sensação prolongada de cansaço. Outro hormônio que sofre influência do clima frio é a serotonina, conhecido como o “hormônio do bem-estar”. A baixa exposição ao sol reduz a síntese natural desse neurotransmissor, podendo provocar variações de humor, maior irritabilidade e até quadros de depressão sazonal, conhecidos como SAD (Seasonal Affective Disorder).

A exposição ao frio, especialmente em situações agudas ou prolongadas, eleva os níveis de cortisol, noradrenalina e adrenalina, desencadeando respostas como taquicardia, vasoconstrição e aumento do metabolismo. A endocrinologista também destaca que o inverno interfere no metabolismo e no apetite, principalmente pelas mudanças na rotina que ele causa. “O corpo tende a gastar mais energia para manter a temperatura corporal, e isso pode estimular a vontade de comer mais, principalmente alimentos calóricos e ricos em carboidratos”, explica Dra. Jacy.

  • Apesar das influências do clima, é possível amenizar os efeitos do inverno com cuidados simples, como manter uma boa rotina de sono, praticar atividade física regular, buscar a luz solar sempre que possível e manter uma alimentação rica em triptofano, presente em alimentos como banana, ovos, leite e castanhas, que auxilia na produção de serotonina.