Rodovia da discórdia

Projeto Caminhos de Caravaggio gera incômodos a moradores e trabalhadores da localidade, que discordam da ideia

A iniciativa da prefeitura em transformar a Rodovia dos Romeiros em um local de prática de exercícios aos finais de semana desagradou parte dos moradores da localidade. Aumento do percurso, roubo de frutas e atrasos em entregas de produtos são algumas das reclamações dos residentes próximos ao Santuário de Caravaggio.

O fechamento de uma das vias da estrada é a queixa da industriária de 49 anos, que tem uma chácara na localidade. Não sou contra a construção de uma ciclovia, o que não pode ser admitido é o fechamento de uma rodovia para isso, reclama. Segundo ela, são poucas as pessoas que usam o local e muitas o utilizam para fazer bagunças nas estradas e nas propriedades, como roubar frutas, por exemplo.

Outro ponto que a industriária destaca é o número de bombeiros e de socorristas voluntários que permanecem no local durante o horário do projeto. Enquanto eles ficam por lá, quantas outras pessoas deixam de ser atendidas?, questiona. Com o pai que também reside no local, a moradora, que costuma visitá-lo aos finais de semana, conta que permanece na casa paterna até às 20h, pois não consegue sair da casa antes, em função de ser localizada exatamente no mesmo lado da Rodovia em que ao projeto foi instalado, impedindo a saída dos moradores.

Outra situação remete ao transporte da produção, como o carregamento de uvas, sendo muito mais difícil aos moradores que por ali residem. Além dos agricultores, um empresário de 40 anos, que opera no local, também não aprovou o projeto.

Isso é uma perda de tempo e de dinheiro, resume explicando que o projeto trouxe prejuízo para a sua empresa, pois a saída de materiais e a sua instalação, precisa ser feita pelo único caminho alternativo, que é mais longo.
O empresário ainda conta que procurou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo antes da instalação do Caminhos de Caravaggio. Segundo ele, o secretário lhe explicou que o projeto é uma iniciativa piloto e que mesmo com a discordância dos moradores, ela seria executada, já que o apoio da Brigada Militar, Defesa Civil e as demais entidades que colaboram com o Caminhos já estava acordado e não poderia ser cancelado.

Nestas horas é que me pergunto se o que vale é apenas o imposto gerado pelo Distrito Industrial. Afinal, o meu empreendimento pouco importou para a prefeitura no momento de decisão, tanto que nem nos questionaram sobre a ideia, dispara o empresário, informando que o dia de maiores vendas da sua empresa costumam ser os sábados, justamente o dia em que ele mais precisa sair para atender clientes. Questionado sobre como agiria no caso de alguma situação de emergência em relação à saúde, por exemplo, ele logo afirma: usaria o retorno proibido, sem sombra de dúvida.