Uma trajetória dedicada a preservação do meio ambiente
A AFAPAN foi fundada no ano de 1982, encabeçada por Ademiro Borsoi (já falecido) e Pedro José Lovatto, atual presidente

A AFAPAN foi fundada no ano de 1982, encabeçada por Ademiro Borsoi (já falecido) e Pedro José Lovatto, atual presidente da entidade. No ano de 1993 passou a ter CNPJ. Até então, a entidade atuava informalmente, ou, quando necessário, usava o CNPJ da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural).
Atualmente o protagonismo da AFAPAN acontece em diferentes áreas. Temos pessoas trabalhando em Arborização. Elaboramos inclusive o manual de Arborização Urbana. Temos como grande desafio e estamos lutando para que seja prioridade do município a erradicação do Ligustro (árvore originária da China, muito usada em arborização urbana). Se não for feito um trabalho sistemático, em breve ele destruirá nossas árvores nativas, explica o atual presidente da entidade, Pedro Lovatto.
De acordo com Pedro, a entidade ainda conta com pessoas trabalhando na área da AgroEcologia, na defesa das sementes crioulas e na ampliação das famílias que buscam uma alternativa diferente de produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos.
Promovemos todas as quintas-feiras a Feira Ecológica, da qual eu sou um dos fundadores e grande incentivador. Promovemos seguidamente também palestras e encontros de formação, para dar sustentabilidade ao grupo. Temos pessoas qualificadas (de formação acadêmica na Área Ambiental) trabalhando em licenciamento, em alimentação, profundamente comprometidos em legislar de acordo com a Legislação Ambiental. Nossos membros são atuantes no destino dos resíduos (do lixo). A AFAPAN tem um trabalho hoje reconhecido na definição pela nova empresa de coleta seletiva de lixo em Farroupilha, a ECOFAR. Prestamos assessoria e acompanhamento ao trabalho da Associação dos Recicladores, nos Pontos de Entrega Voluntário de Resíduos (PEVS). Toda semana atuamos em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente na discussão e formulação de políticas nas mais diferentes áreas, como destino dos resíduos da construção civil e da logística reversa (embalagens, pneus, lâmpadas, eletrônicos, remédios, eletrodomésticos, etc.) Temos ainda professoras atuando na área de educação ambiental e elaboração de material formativo e informativo.
Quando questionado sobre a situação da reciclagem do lixo em Farroupilha, Pedro não titubeia. Está melhorando a passos lentos. Infelizmente muitos não separam ainda os resíduos orgânicos dos recicláveis. Hoje o poder público está fazendo a sua parte (lógico, tem muito ainda a fazer), ou seja, temos hoje coleta seletiva com caminhão aberto, o que era a grande necessidade. Os locais onde tem containers está ainda sendo coletado com caminhão compactador e é o pior resíduo que vai para ser reciclado, porque normalmente está contaminado. Tem muito desconhecimento do que pode e não pode ser reciclado. Tem muito resíduo perigoso sendo jogado no lixo reciclável (ex: lâmpadas florescentes, pilhas, baterias…). Tem óleo de fritura sendo jogado direto na pia, contaminando milhões de litros de água. Tem empresas que ainda agem na clandestinidade. Despejam resíduos em lugares inadequados, como por exemplo, malhas que não deveriam ir para o aterro sanitário (mais de um caminhão de coleta por semana tem este destino, causando problema sério inclusive aos recicladores, por trancar a esteira. Os mesmos têm que dar destino adequado e pagar para tanto e não o fazem).
Ainda sobre a questão da reciclagem do lixo, Pedro também destaca que a Associação dos Recicladores (que hoje atua no aterro sanitário do bairro Industrial) está conseguindo desenvolver um bom trabalho.
Hoje são mais de 30 toneladas de resíduos triadas mensalmente. Em breve chegarão a 40 toneladas. Eles trabalham em dois turnos. Um começa cedo pela manhã e vai até as 13h30 e o outro é das 13h30 até as 19h30. Precisam, contudo, de muito apoio e ajuda. Temos programado diversos encontros de formação técnica e de associativismo. E sempre que tem problemas estamos lá para ajudar a resolver.
Entretanto, quando questionado sobre quanto tempo o aterro sanitário ainda suporta, Pedro se mostra preocupado. Nosso grande objetivo é reduzir em 40% o destino de materiais que estão indo para o aterro. É disso que depende a vida do aterro. Hoje são destinadas mais ou menos 1.200 toneladas de resíduo todo mês para o aterro sanitário. Se continuar assim, teremos aterro para no máximo mais 8 ou 10 anos.
Outra questão que preocupa o presidente da AFAPAN é a porcentagem de poluição dos riachos em Farroupilha. Estão todos comprometidos. Estão no nível 3 com mais probabilidade para o nível 4 do que para o nível 2. A questão do saneamento está em fase de um novo alinhamento com a Corsan, o que acreditamos que depois de tanto tempo deverá finalmente começar a render frutos positivos.
Nossa reportagem procurou o presidente da Corsan, Alvaro Jacobsen, para saber mais detalhes sobre o que a empresa está fazendo para resolver o problema da poluição dos riachos em Farroupilha. Ele explicou que os mananciais do Buratti e da Julieta, por serem sistemas lênticos (águas estagnadas), apresentam episódios de floração de algas em determinados períodos do ano.
Esse desenvolvimento está diretamente ligado à eutrofização (aumento da concentração de nutrientes) do manancial, que possui diversas causas, como manejo agrícola e ocupação urbana. Com relação ao índice de poluição, a resolução do CONAMA 357, do Ministério do Meio Ambiente, define classificação de corpos hídricos com base em parâmetros analíticos e enquadramentos realizados pelos Comitês de Bacias e Secretarias do Meio Ambiente.
Em relação a obras de saneamento em Farroupilha, Alvaro destacou que estão sendo feitas gradativamente as substituições de redes antigas de fibrocimento por PVC, sendo que a mais recente foi na rua Marechal Deodoro da Fonseca. Foram colocados em torno de 650 metros de rede e mais os ramais prediais, para posterior asfaltamento, além de obras de setorização de pontos na cidade, como a saída da Estação de Tratamento do bairro Pio X. Estamos aguardando ainda a documentação de um terreno na Rua Minas Gerais, para instalação de reservatórios naquele ponto da cidade.
Sobre as obras de esgoto, Alvaro alega que já foram tirados pontos de tomada para a construção da Estação de Tratamento no bairro Santa Catarina. Já as demais obras de esgoto estão em fase licitação com o órgão responsável da companhia. Também estamos no aguardo do agendamento de uma audiência pública por parte da direção, para esclarecimento do cronograma de investimentos em Farroupilha, finaliza.