“Nossos sonhos estão nas mãos das pessoas que vão nos governar”
Com esta frase, a juíza eleitoral de Farroupilha, Dra. Marcela Pereira da Silva, valoriza a importância do voto, alertando a população para a conduta correta nos locais de votação. Além disso, a magistrada, que há cinco meses atua na cidade, discorre mais sobre seu trabalho e sua vida pessoal.

Há 15 dias do primeiro turno das eleições, o Jornal O Farroupilha foi conhecer mais sobre a juíza eleitoral Dra. Marcela Pereira da Silva, a magistrada natural de Santos, em São Paulo, que está na cidade há cinco meses, no comando da 1ª. Vara Cível. “Em Farroupilha, tudo está muito tranquilo, tenho notado um grande respeito entre os partidos e fico contente com isso, que seja assim até as eleições e pós-eleições, nos resultados. Acredito que mais do que nos preocuparmos com tumultos no dia das eleições é estarmos atentos aos movimentos pós-resultado, para os quais eu peço à comunidade que esteja tolerante às diferenças porque tolerância é o caminho para uma sociedade mais pacífica e aí que mostraremos o verdadeiro ato democrático”, enfatiza.
Tolerância é respeitar a opinião e as escolhas do outro, o que resulta em algo essencial em tudo, a paz. “Podem defender o que acreditam, trazendo a bandeira da paz nas mãos porque não há nada mais forte a se carregar que a bandeira da paz. O que a maioria decidir nas urnas deve ser respeitado. A tolerância resolve tudo, em todas as escolhas da vida”, diz.
Segundo ela, a organização para as eleições está planejada. “Vamos estar atentos, os mesários treinados, tudo vai constar em ata e vamos tomar medidas cabíveis para as intercorrências. Peço que os eleitores fiquem atentos em como comparecer às eleições: não levar propagandas, causando tumultos, ofensas, não portar armas, não levar o celular, se precisar estar com ele no dia da votação, deixe-o com o mesário, pois trata-se de um momento cívico muito importante, para o qual precisamos estar concentrados, afinal são cinco votos que vamos digitar”, alerta a juíza.
Conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o uso de celular e armas nos locais de votação está proibido, sendo assim, o eleitor terá que entregar o celular desligado ao mesário. Se precisar mostrar o e-título – que não foi inviabilizado para identificação do eleitor – ele mostra, desliga e deixa na mesa para se dirigir à cabine de votação.
Em Farroupilha, dos 57.293 eleitores, apenas 12,8% possuem o e-título, mas de qualquer forma, a juíza Marcela orienta que se leve documento com foto, o que agiliza o processo de votação, evitando filas.
O cartório eleitoral disponibiliza “cola” para que os eleitores anotem os números de seus candidatos e possam utilizá-la no momento da votação. Os candidatos à presidência da república serão os últimos a serem votados!
“Importante ressaltar que os jovens de 16 a 18 anos que possuem título de eleitor podem comparecer às urnas para exercerem seu direito ao voto. Vamos respeitar o festejar do outro, sem ataques, afinal, vivemos pela felicidade e as políticas públicas oportunizam educação, trabalho, saúde, então estão ligadas à felicidade. Nossos sonhos estão nas mãos das pessoas que vão nos governar”, salienta, exaltando a importância do voto.

Trabalho em Farroupilha
A promoção da reflexão sobre a tolerância faz parte do cotidiano da juíza, que emprega características de seu próprio perfil profissional para empreender modificações na vara cível onde atua.
A mudança no ambiente já pode ser notada. “O poder judiciário carrega certa austeridade e as pessoas estão ali para resolverem conflitos, então devemos proporcionar a elas mais acolhimento. Foi o que fizemos: na sala de espera das audiências, as pessoas podem acompanhar o andamento das audiências, passamos vídeos e músicas edificantes, servimos café, contribuindo para que se acalmem antes de entrar para as audiências, pois elas chegam para manter o conflito. No saguão há uma pergunta: `O que você faz pela paz?´ Muitos casos não precisariam ser levados ao juiz se houvesse a disposição ao diálogo”, explica, entregando mais sobre seus valores.
Em cinco meses de trabalho, a Dra. Marcela já realizou mutirão de audiências de conciliação – foram quase 200 processos – para colocar em dia os 7 mil processos na cidade. Ela diz que é um esforço muito grande, para o qual é preciso preferenciar as emergências. “Estamos pautando as audiências de instrução, que são aquelas de produção de prova oral. Pretendo colocar em dia ainda neste ano e para isso conto com uma equipe de gabinete comprometida, à qual presto muita atenção”, diz.
Farroupilha é a sexta Comarca assumida pela juíza e ela diz que está muito feliz por estar aqui. “A serra me encanta! Estou conhecendo a região e hoje, como minha família está em São Paulo, a proximidade com o aeroporto facilitou a logística toda, trazendo de volta a convivência com familiares e amigos”. Dra. Marcela está na cidade com o marido Damião, corretor de imóveis.
No sul do país desde 2014, a magistrada diz adorar o frio e que por aqui se sentiu acolhida desde o início. “Se houve alguma resistência foi velada, acredito que por conta da autoridade que minha função representa, mas nunca vivenciei nada constrangedor”, diz a juíza que faz mestrado em Poder Judiciário e Direito pela ENFAM e está prestes a completar 42 anos, em 30 de setembro.
Para ela, a postura e a conduta de ética de um magistrado devem servir de exemplo à sociedade. “A principal característica necessária para o desempenho da função é querer servir, ser útil na transformação social. Não necessariamente conseguimos entregar justiça, mas entregamos o direito”, sintetiza, mostrando que está atenta às angústias das pessoas.
Atenta também é sobre sua segurança pessoal. “Nós, juízes, não temos segurança privada, mas tomamos alguns cuidados. Me sinto uma pessoa em alerta porque minha função mexe com a vida das pessoas”, diz sem esconder que tem uma rotina intensa de trabalho, mas dosada com caminhadas, passeios com o cachorro, idas ao supermercado e a dedicação ao violão e à gaita de boca, que tenta aprender no pouco tempo que sobra.
Apreciadora de meditação para deixar a saúde mental em dia, Dra. Marcela segue compartilhando crenças baseadas no poder da gentileza, do diálogo, do respeito e da lealdade. “Estou muito satisfeita com a vida que tenho, mas confesso que gostaria de ver menos conflitos decorrentes do fato das pessoas não serem leais umas com as outras. Questiono muito por que agem de um jeito e querem o mundo de outro. Cumpro meu papel, dando chaves para que reflitam”, finaliza a motivadora juíza.
Preparação das Urnas em Farroupilha
De 19 a 23 de setembro, haverá a preparação das urnas eletrônicas no Cartório Eleitoral de Farroupilha. Autoridades, representantes da OAB, de partidos políticos e Ministério Público poderão acompanhar a ação.
REPORTAGEM: Claudia Iembo