Dino José Dorigon – Entre o céu e a terra, alguns Dinos sobrevivem até hoje

No dia 09 de janeiro, Dino José Dorigon comemorou seus 93 anos em casa, com a família (esposa Aloysia, filhos:

Padre Paulo Gasparetto e Dino José Dorigon na missa do seu aniversário de 93 anos na Igreja Matriz, da qual ajudou a fabricar os altares. FOTO: Guilherme Elemar Bruxel

No dia 09 de janeiro, Dino José Dorigon comemorou seus 93 anos em casa, com a família (esposa Aloysia, filhos: Henrique, André, Marlene e a neta Vivian) e também num lugar especial para ele desde a infância, a Igreja Matriz de Farroupilha, local que lhe traz lembranças de uma vida dedicada ao trabalho, fé e gratidão. Primeiro, por ter acompanhado de perto a construção do local, o movimento gigantesco desta obra e seu empenho como sacristão nas missas do Monsenhor Tiago Bombardelli. Naquele período o menino não tinha ideia que deixaria sua marca para sempre no interior da obra, junto com o padrinho Alexandre Bartelle e o pai Maximiliano, muito conhecido como “Tomazo”.
Assim, com passar do tempo, e sob a responsabilidade de seu pai, Dino iniciava sua jornada como aprendiz de marceneiro, ao que poderíamos afirmar que muitos fatores o levaram para esta profissão. Seria como a missão de um José? Deixemos para a história, a resposta para esta pergunta.
Aos 14 anos iniciava sua jornada como marceneiro e entalhador (escultor) sob os cuidados do primeiro funcionário da Fábrica de Altares Bartelle, o pai Tomazo, que permaneceu na empresa por quarenta anos. Dino trabalhou nesta fábrica de 1942 a junho de 1961, ano que iniciava sua própria empresa de estofados, a primeira no Rio Grande do Sul, a Indústria de Estofados Dorigon e mais tarde, com o apoio da esposa Aloysia, inaugurava a Dorigon Móveis e Decorações, hoje localizada na Rua Júlio de Castilhos, 1582, esquina com a Avenida Santa Rita.
Conforme relatos eternizados em seu livro, Entre o Céu e a Terra (2013), Dino Dorigon, conta que os altares eram fabricados exclusivamente em madeira maciça, de cedro, por ser uma madeira mais dócil para trabalhar. Algumas encomendas de esculturas eram folheadas a ouro, de 18 a 20 quilates. Este material vinha entre folhas de livrinhos e eram tão finas que qualquer movimento podia quebrá-las. Dino lembra que era preciso cuidar até do vento. Para aplicá-las na madeira, eles o passavam uma camada de um verniz especial, que demorava para secar. Havia também folhas de metal, de origem alemã, que era assentado na madeira com algodão.
Entre essa e outras histórias, Dino José Dorigon se refere especialmente à Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus com muito orgulho: “o trabalho em madeira, na igreja, saiu das mãos da famílias Bartelle e Dorigon.
Dino José Dorigon sempre foi muito grato aos ensinamentos que recebeu ao longo da vida, sendo que até hoje, incentiva a todos que conhece, a continuar nossa jornada sem nunca perder a esperança, a paz e a honestidade, além das coisas mais válidas: o amor verdadeiro, a família e os amigos.
Ficam aqui duas importantes referências do Seu Dino, que estão registradas nas páginas 57 e 58 do seu livro: a primeira, ele traça um paralelo bem humorado entre a sua idade e a idade em que apareceram os primeiros dinossauros na terra, terminando com a frase que deu o título a esta matéria. E mais adiante ele deixa registrado parte do seu propósito de vida.
“Nasci em 09 de janeiro de 1929, dia e mês em que ocorreu, no Brasil, o “Dia do Fico”, de Dom Pedro I: “Diga ao povo brasileiro que fico para o bem de todos.”
Eu também digo isso aos meus familiares e amigos: Fico com vocês até que Deus permita. Se possível até os 100. Enquanto isso, vou relatando os fatos marcantes da minha vida e da origem dos Dorigon, com o objetivo maior de alegrar a todos que me rodeiam e ter prazer nas pequenas coisas do dia a dia, além de fazer a minha parte para melhorar o Planeta Terra, que tanto merece consideração.

Maria Cleufe Bianchi Poniwass
Jornalista e organizadora do livro Entre o Céu e a Terra, de Dino José Dorigon